Apanhado geral: Introdução
A área ao redor de Kiev, a capital da Ucrânia de hoje, foi o berço onde se foumou o primeiro estado russo, o Kievan Rus.
O termo Kievan Rus se refere ao período em que o centro do estado russo era Kiev. Durante toda sua existência, Kievan Rus era conhecido como a „terra do Rus“.
O Rus eram povos antigos que deram seu nome às terras da Rússia e da Bielorrússia. Sua origem e identidade estão muito em disputa. Tanto a origem do estado de Kiev quanto a do nome Rus , que veio a ser aplicado a ele (Kievan Rus), permanecem ainda hoje questões de debate entre os historiadores.
Kiev passa ao domínio Russo e assim inicía-se o primeiro período da história do estado russo
Em 880-82, o chefe da Rus, Príncipe Oleg (um viking), liderou uma força militar para expandir o domínio Rus ao longo do rio Dnieper, em direção ao Mar Negro, e se apossou de Smolensk e Lyubech, depois Kiev. Lá mesmo ele, em 882, declarou Kiev a „mãe das cidades do Rus“. Alguns cientistas consideram este momento como o momento genuino de criação do estado do Kievan Rus. Historiadores russos consideram Kievan Rus o primeiro período da história russa. O Príncipe Oleg começou a consolidar seu poder sobre a região circundante e os rios ao norte de Novgorod, impondo tributo às tribos eslavas orientais.
O Príncipe Oleg declarou Kiev a „mãe das cidades do Rus“. Surgiu o estado do Kievan Rus. A região de Kiev dominou o estado de Kievan Rus pelos próximos dois séculos. Historiadores da atualidade consideram Kievan Rus o primeiro período da história russa.
A região de Kiev dominou o estado de Kievan Rus pelos próximos dois séculos. O auge do poder de Kiev ocorreu durante os reinados de Vladimir, o Grande (980-1015) e do príncipe Yaroslav I, o Sábio (1019-1054). Ambos os governantes continuaram a expansão constante da Rus a partir de Kiev, que havia começado sob a regência de Oleg.
Nos séculos 10 a 11 Kievan Rus tornou-se um dos maiores e mais prósperos estados da Europa.
No mapa abaixo é possível reconhecer ao norte, o Mar Báltico, e ao sul, o Mar Negro, e ao lado deste, à esquerda, o Mar Mediterrâneo. Até o século 12 as rotas entre o sul e o norte interligavam importantes regiões de comércio, ou seja, o Império Bizantino e a Liga Hanseática. Veneza e Genova chegaram a controlar o comércio na Ilha da Criméia, hoje, séc. 21, anexada na marra pela Rússia.
O estado Kievan Rus entrou em fase de declínio durante o final do século 11 e ao longo do século 12 esse processo se intensivou, desintegrando-se em várias potências regionais que se rivalizaram entre si. O Kievan Rus se enfraqueceu mais por causa de fatores econômicos, como o colapso das alianças comerciais com o Império Bizantino devido ao declínio de Constantinopla e à consequente obsolecência das rotas comerciais para o Mar Báltico através de seu território. Kievan Rus finalmente se desintegrou, quando da invasão mongolica de 1237 a 1240 (= séc. 13), que resultou no saque de Kiev e na morte de uma grande parte da população do Kievan Rus. Os invasores, mais tarde conhecidos como tártaros, formaram o estado da Horda Dourada, que saqueou os principados russos e governou as extensões sul e central da Rússia por mais de dois séculos.
Da desintegração do Kievan Rus em principados, o principado do Grão-Ducado de Moscou se sobressaiu militarmente. No início do século 18, o Grão-Ducado de Moscou havia se expandido amplamente pelos meios de conquistas comuns da época, ou seja, invasões, anexações e explorações de toda natureza, inclusive submissão econômica, para evoluir e mais tarde formar o Império Russo, o terceiro maior império da história.
Em meados do século 14, os territórios ucranianos estavam sob o domínio de três potências externas – a Horda Dourada*, o Grão-Ducado da Lituânia e o Reino da Polônia.
Em meados do século 15, a Horda Dourada estava se desintegrando em Canados (ou principados) independentes. Um de seus estados sucessores foi o Canato da Crimeia. Tanto a Península da Criméia quanto grandes áreas da estepe adjacente continuaram sob o domínio do canato até sua anexação ao Império Russo em 1783.
*) Horda Dourada, também chamada de Kipchak Khanate, a parte ocidental do império mongol, que floresceu de meados do século XIII até o final do século XIV. Kahnate ou Canate, toda região sob controle da Horda Dourada.
A Revolta Khmelnytsky
A Revolta Khmelnytsky ou o Massacre de Khmelnytsky foi uma violenta rebelião cossaca que ocorreu entre 1648 e 1657 nos territórios orientais do Reino polones-lituanio, que levou à criação de um Hetmanato cossaco na Ucrânia. Sob o comando de Hetman Bohdan Khmelnytsky, os cossacos zaporozhianos, aliados dos tártaros da Crimeia e do campesinato ucraniano local, lutaram para expulsar os polonêses. A insurgência foi acompanhada por atrocidades em massa cometidas pelos cossacos contra a população civil polonêsa, especialmente contra o clero católico romano e os judeus.
Em 1654 (séc. 17), o Grão-Ducado de Moscou se alia ao líder militar dos cossacos zaporozhianos, Bohdan Khmelnytsky, para anexar a Ucrânia. O mesmo que havia liderado na Ucrânia a Revolta Khmelnytsky contra o domínio polonês. Essa proposta se concretizou no Acordo de Pereyaslav, o ato realizado pela rada (conselho) do exército cossaco na Ucrânia para submeter a Ucrânia ao domínio russo, e a aceitação deste ato por emissários do czar russo Alexis; o acordo precipitou uma guerra entre a Polônia e a Rússia (1654-1667). Durante esta guerra, o controle da Ucrânia mudou várias vezes, e o sentimento de lealdade dos habitantes ficou fortemente dividida, alguns preferindo o domínio russo, outros poloneses.
No Tratado de Andrusovo (Andruszow em polonês), assinado em 30 de Janeiro de 1667, encerrou-se a Guerra dos Treze Anos (1654-1667) entre a Rússia e a Polônia pelo controle da Ucrânia e iniciou-se uma fase de negociações para o acerto de contas definitivo entre as duas nações. O Tratado de Andrussovo encerrou séculos de domínio polaco-lituano na Europa Oriental em favor da Rússia. O acordo foi confirmado no direito internacional na Paz Eterna de 1686. Ele garantiu as áreas em Andrussowo cedidas pela coroa polonesa ao lado russo e definiu a fronteira polaco-russa até 1772.
A área a leste do rio Dnieper foi cedida à Rússia pela Polônia. As voivodias de Smolensk e Czernihów, bem como a margem esquerda da Ucrânia (a leste do Dnieper), incluindo uma faixa de território a oeste do Dnieper em torno de Kiev passaram para o domínio russo.
A maior parte da Ucrânia caiu nas mãos do Império Russo sob o reinado da alemã Catarina, a Grande. Nas partições da Polônia (1772, 1793 e 1795), a Áustria ganhou o que hoje é a Ucrânia ocidental, enquanto a Rússia ganhou o resto das terras ucranianas que faziam parte da Polônia-Lituânia. Após a Revolução Russa de 1917, uma república ucraniana foi fundada, mas os exércitos russos retomaram o centro e o leste em 1919, a Polônia conseguiu reaver o oeste da Ucrânia. A Ucrânia ocidental, sob domínio polonês, possuía liberdade democrática, enquanto a Ucrânia oriental, sob domínio russo, sofria com a falta de liberdade de expressão.
Os escritores e intelectuais ucranianos sempre foram inspirados pelo forte espírito nacionalista que da mesma forma agita outros povos europeus. A Rússia, temendo o separatismo ucraniano, impôs limites estritos às tentativas de elevar a língua e a cultura ucranianas, até proibindo seu uso e estudo. As políticas russófilas de russificação e panslavismo levaram ao êxodo de intelectuais ucranianos para a Ucrânia ocidental, enquanto outros adotaram uma identidade pan-eslava ou russa.
Em 1919, o caos total envolveu a Ucrânia. Na verdade, na história moderna da Europa, nenhum país experimentou uma anarquia tão completa, lutas civis amargas e colapso total de autoridade como a Ucrânia nessa época. Seis exércitos diferentes – os dos ucranianos, os bolcheviques, os brancos, a Entente [francesa], os poloneses e os anarquistas – operavam em seu território. Kiev mudou de mãos cinco vezes em menos de um ano. Cidades e regiões foram isoladas umas das outras por numerosas frentes. As comunicações com o mundo exterior foram interrompidas quase completamente. As cidades famintas se esvaziaram à medida que as pessoas se mudaram para o campo em busca de comida.
Orest Subtelny
A Guerra da Independência da Ucrânia de 1917 a 1921 originou o Território Livre da Ucrânia, a República Socialista Soviética Ucraniana (em 1919 fundida com a República Popular da Ucrânia e a República Popular da Ucrânia Ocidental ), que foi rapidamente incorporada à União Soviética.
A República Socialista Soviética da Ucrânia (SSR) fez parte da União Soviética de 1922 a 1991.
Abaixo: O antigo território da UdSSR.
Fonte: Encyclopedia World and its People
Abaixo: A Ucrânia em 2013
1931 e 1933: Ucranianos morrem de fome, era morte induzida pela União Soviérica – UdSSR
A Ucrânia era o „Celeiro da União Soviética“. Mas a política de alimentação da UdSSR segregou a Ucrânia a ponto de desencadear uma terrível fome na país entre 1932 a 1933 matando mais de 5 milhões de soviéticos, sobretudo ucranianos, pois os russos obrigaram os habitantes da Ucrânia a fornecerem absolutamente tudo o que produziam de grãos. Com isso nada restava para a própria alimentação.
Filmes que retratam a situação:
A Sombra de Stálin
Holod 33 / Famine 33 (Legendado)
Bitter Harvest
1941 a 1944: a ocupação que quase exterminou a população – política alemã
Forças armadas e policiais alemãs durante a politica de expansão territorial do III império alemão, invadem a Ucrânia, furtam seus bens e assassinam civis. A Alemanha cuidadosamente preparou um plano que ficou conhecido como „Generalplan Ost“ para assentar 20 milhões de alemães em território ucraniano (Generalplan Ost) e para tanto não mediu esforços.
Em 19 de setembro de 1941 quando a cidade de Kiev caiu em mãos alemãs, após 45 dias de batalha com os Russos, cerca de 70% dos 225 mil judeus (20 % da população da cidade) que viviam em Kiev conseguiram deixar a cidade a tempo. Os que não conseguiram fugir, eram aqueles que não tinham mesmo condição para tanto, eram crianças, mulheres, velhos e doentes.
O país foi palco de algumas das piores atrocidades cometidas pela Alemanha imperial, uma delas ficou conhecida como o maior assassinato em massa pelos alemães no período da II Guerra Mundial. Em Babyn Jar ou Babi Jar, um desfiladeiro nas cercanias da capital da Ucrânia, Kiev, em somente dois dias de Setembro de 1941 o exército alemão assassinou mais de 33.000 homens, mulheres e crianças de confissão judáica, e os enterrou escondendo os rastros de tal atrocidade.
Babyn Jar memorial: https://www.youtube.com/watch?v=23kr85f2N84
Assissinato e elogios
Em um relatório, o Sonderkommando 4a elogiou seu recorde de mortes em Babi Yar e também ficou satisfeito com a cooperação harmoniosa com a Wehrmacht, o exército alemão. „A Wehrmacht acolhe medidas e solicita ações radicais“, informou o Sonderkommando 4a à Alemanha. Na verdade, a Wehrmacht ajudou a encobrir o crime: após o assassinato em massa, engenheiros do exército alemão explodiram as bordas do desfiladeiro para encobrir todos os vestígios. O fotógrafo da Wehrmacht Johannes Hähle registrou diversos momentos, porém cenas mais pacíficas da matança e da ocupação.
A Ucrânia declarou soberania em 1990 e tornou-se independente da UdSSR em 1991, e em por plebiscito de 1999 a população escolheu permanecer independente.
Em 1º de Dezembro de 1991, um referendo sobre a independência foi realizado na Ucrânia. Uma clara maioria de 92,3% dos votantes votou pela independência do país. As eleições presidenciais na Ucrânia ocorreram no mesmo dia.
A Ucrânia de hoje é composta por partes de países que faziam parte do antigo território da Tchecoslováquia, Romênia, Polônia e parte importante da União Soviética. O tamanho atual da Ucrânia somente foi alcançado depois da Segunda Guerra Mundial na forma da RSS ucraniana. Isto é particularmente importante tendo em conta o diferente desenvolvimento cultural da população. Nas regiões ocidentais que não estavam sob o domínio soviético no período entre guerras, foram fundados partidos e associações que tinham caráter nacional ucraniano e que muitas vezes também visavam fundar seu próprio estado nacional independente.
Na Polônia, os ucranianos, que constituíam oficialmente 13,9% da população em 1931, possuiam liberdades democráticas e, portanto, puderam formar grupos que pudessem coordenar suas ações como ucranianos em territótio polonês, o que também definia seus objetivos políticos.
Depois de sua independência muitos na Ucrânia buscavam um relacionamento mais próximo com o Ocidente, por exemplo, muitos desejavam a adesão à OTAN ou à União Europeia. No início dos anos 2000, o novo presidente da Rússia, W. Putin, expressava preoculpação com tais desejos. Existe uma grande população russas e de língua russa na Ucrânia, particularmente no leste do país, perto da fronteira com a Rússia.
Assim como a Rússia, a Ucrânia independente e democrática sofreu com dificuldades econômicas e altos níveis de corrupção e, além disso, precisou lidar com seu relacionamento complexo com Moscou. Em 2014, aconteceu em Kiev uma série de protestos pró-ocidente e derrubaram o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, alinhado a Moscou.
A partir daí as tensões entre Ucrânia e a Rússia explodiram. A Rússia invadiu e anexou a Península da Criméia, um feito condenado pela Europa e os Estados Unidos. Impuseram sanções à Rússia. Analistas políticos afirmam que a Rússia usou bem este período de sanções para se tornar menos vulnerável a tais atos contra ela. Deste 2014 perdura então um conflito latente entre forças ucranianas e força separatistas apoiados pela Rússia nas autodeclaradas “repúblicas populares” em Donetsk e Luhansk, duas regiões orientais que fazem fronteira com a Rússia e que foram reconhecidas como independentes pela Rússia de W. Putin no dia 23.02.2022.
A expansão da NATO até fronteiras russas
A principal questão destacada pela crise nas fronteiras com a Ucrânia nos últimos mêses se concentrou predominantemente no papel da OTAN no contexto da expansão da mesma para o leste em direção à Rússia. Esta tem sido uma questão emergindo constantemente do Kremlin que considera a adesão à OTAN de muitas países que antes formavam o antigo bloco soviético (Pacto de Varsóvia) e a possível adesão da Ucrânia à OTAN uma ameaça à soberania russa.
A OTAN, mesmo sem um documento formal, sinalizou quase em forma de uma promessa que não se expandiria para o leste após a dissolução da União Soviética e do Pacto de Varsóvia.
A relativa situação de segurança dos países da Europa Oriental foi desafiada durante preoculpantes eventos na década de 1990: tentativa do golpe de Outubro em Moscou em 1993 (o conflito de dois dias entre o então presidente Boris Yeltsin e a Duma, ou seja, a Câmara Baixa da Assembleia Federal da Rússia), a primeira guerra da Chechênia em 1994 apoio russo à república separatista da Abecásia no sul do Cáucaso em durante guerra cívil em 1992
Estes eventos aumentaram a percepção de insegurança, particularmente nos estados bálticos, perante a Rússia.
Mas o relacionamento entre Rússia e países da OTAN continuou amistoso. A Rússia participou de novos arranjos de segurança e fez questão de esclarecer que uma expansão da Otan não seria uma ameaça à segurança da Rússia. O então presidente da Rússia, Boris Yeltsin, escreveu em uma carta datada de Setembro de 1993 ao então presidente dos EUA, Bill Clinton:
“Qualquer possível integração de países do leste europeu na OTAN não levará automaticamente esta aliança a se voltar de alguma forma contra a Rússia”.
A questão central neste contexto foi tratada durante dois dias em Maio de 1997 Conferência de Helsinki e trava da natureza e da extensão da cooperação entre a OTAN e a Rússia. O alicerce da relação OTAN-Rússia, fiou estabelecido no Founding Act OTAN-Rússia assinado pelos dois presidentes. O ato confirma que “OTAN e Rússia apesar de não se considerarem adversários e que iram unir forças no mundo onde nem guerra fria e nem totalitarismos iriam mais existir, porém ainda restavam pontos de desacôrdos entre os dois países.
O presidente russo Boris Yeltsin e o presidente estadunidense Bill Clinton trataram da orientação básica da cooperação entre OTAN e Rússia. Eles chegaram à seguinte conclusão:
A OTAN continuará se expandindo;
nenhum país europeu está excluído dela a priori;
não haverá adesão de „segunda classe“ – os novos membros da OTAN desfrutarão dos mesmos benefícios e das mesmas obrigações que seus membros atuais;
será estabelecido um novo fórum para consulta, cooperação e, sempre que possível, ação conjunta entre a Rússia e a OTAN;
enquanto a OTAN continuar a evoluir, manterá e fortalecerá sua função central de defesa coletiva.
Ainda na Conferência de Helsínquia, os presidentes russo e estadunidense emitiram uma declaração conjunta que continha a seguinte declaração: Eles ainda discordam sobre as questões da expansão da OTAN. Para minimizar o impacto potencial desse não-entendimento, os presidentes concordaram em trabalhar bilateralmente e em conjunto com outros países em um documento que definiria a cooperação OTAN-Rússia como um elemento importante de um novo sistema de segurança europeu abrangente.“ Declaração conjunta do presidente dos EUA Bill Clinton e o Presidente russo Boris Yeltsin sobre a segurança europeia, adotada na Conferência de Helsínquia em 21 de Março de 1997
Os países bálticos buscaram abertamente a adesão à OTAN, após a assinatura da Carta de Parceria do Báltico com os EUA em 1998. Em vez de se opor à adesão ao Báltico, a Rússia diplomaticamente ajudou para que isso acontecesse, resolvendo disputas de fronteira com a Lituânia.
A Polônia, República Tcheca e Hungria já queriam um maior nível de garantia de sua segurança nacional. Esses países assinaram então a Declaração de Visegrad em Fevereiro de 1991, expressando desejo de “pleno envolvimento no sistema europeu de segurança”, mas somente em 1999 tornaram-se membros da OTAN.
E a OTAN inicia sua expansão:
Fonte dos gráficos abaixo. Wikipedia.
Primeira expansão para o leste da OTAN em 1999:
Segunda expansão para o leste da OTAN em 2004:
Terceira expansão para o leste da OTAN em 2009
Em 2008 a Rússia reconhece oficialmente a república separatista da Abecásia e da Ossétia do Sul do Cáucaso que em 1992 entraram em guerra separatista contra a Georgia, sendo estabelecido um cessar-fogo em 1994. A partir daí, cerca de 83% do território permanece nas mãos dos separatistas enquanto que o restante é administrado pela República Autônoma da Abecásia, reconhecida pela Geórgia.
Em 2014, por ocasião do 25º aniversário da queda do muro de Berlim em uma entrevista ao Russia Beyond the Headlines, o primeiro e último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, observou que a expansão da Otan “não foi discutida” na época da dissolução do bloco leste e que „nem um único país do leste europeu levantou a questão, nem mesmo depois que o Pacto de Varsóvia deixou de existir em 1991. Os líderes ocidentais também não levantaram a questão.“ Ainda na mesma entrevista Gorbachev também observou que a expansão havia sido um “grande erro” e “uma violação do espírito das declarações e garantias feitas” em 1990.
De fato, o único acordo formal assinado entre os países da Otan e a URSS, antes de sua dissolução em Dezembro de 1991, foi o Tratado de Solução Final com Relação à Alemanha. As promessas feitas referem-se especificamente à Alemanha e ao território da antiga Alemanha comunista, a RDA, que se referiam ao envio de forças não alemãs da Otan para o leste da Alemanha e ao envio de armas nucleares – e essas promessas foram mantidas.
Se não houve acôrdo formal, estava pelo menos subtendido que qualquer expansão rumo a Rússia esta teria que ser consultada antes.
E a expansão da Nato continuou (acuando e coagindo a Rússia?)
Quarta expansão para o leste da OTAN em 2017:
Quinta expansão para o leste da OTAN em 2020:
Putin afirma que a OTAN se aproveitou da fraqueza russa após o colapso da União Soviética para se expandir para o leste, violando promessas supostamente feitas a Moscou por líderes ocidentais.
Rússia sem experiência com capitalismo e democracia confia nos parceiros capitalista e democráticos do ocidente
A UdSSR se desintegrou, países-membros da UdSSR se tornaram independentes e a Rússia com ajuda dos países do ocidente passava a implementar drásticas reformas para se tornar capitalista e democrática. Quase de uma hora para a outra milhões de cidadãos de etnia russa que habitavam na não mais existente UdSSR se encontraram de repente vivendo num outro país, ou seja, fora das fronteiras da Rússia e muitos não possuíam mais seus plenos direitos civís, pois eram tratados como minorias. A Rússia como Estado sucessor legal da UdSSR precisou assumir todas as dívidas da antiga UdSSR, mesmo já estando bem enfraquecida devido a crise econômica de 1990/91.
A violação por parte do ocidente de uma promessa de não ampliar a OTAN há muito figura como um elemento-chave nos discursos de Putin sobre (e contra) a Aliança. Em seu bombástico discurso de Fevereiro de 2007 na Conferência de Segurança de Munique, ele disse:
„E temos o direito de perguntar: contra quem se destina essa expansão [OTAN]? E o que aconteceu com as garantias que nossos parceiros ocidentais fizeram após a dissolução do Pacto de Varsóvia? … Gostaria de citar o discurso do Secretário-Geral da OTAN, Sr. Woerner, em Bruxelas, em 17 de Maio de 1990. Ele disse na época que: ‚o fato de estarmos prontos para não colocar um exército da OTAN fora do território alemão dá à União Soviética uma garantia de segurança firme.‘ Onde estão essas garantias?„
Para Putin, a Ucrânia tornou-se um ponto focal de ira mais ampla com o ocidente. Em um artigo publicado no site do Kremlin em Julho de 2021, Putin descreveu russos e ucranianos como um só povo e escreveu que a “verdadeira soberania da Ucrânia só é possível em parceria com a Rússia”. Com isso a UE e a NATO deveriam ter buscado com mais sensibilidade cultural um imediata- e diplomaticamente dialogo sobre o assunto com a Rússia e a Ucrânia.
“A Ucrânia moderna foi única- e totalmente criada pela Rússia, mais especificamente a Rússia bolchevique, comunista”, explicou Putin em um discurso à nação russa em 21 de Fevereiro de 2022.
Literatura:
Russian Civilization in the Kievan Period: Education, Georg Vernadsky, Kievan Russia. Yale University Press, 1973
Historical dictionary of Poland, 966-1945, Jerzy Jan Lerski, Greenwood Publishing Group, 1996.
Europe. A History. Norman Davies. London, Pimlico 1996
Medieval Russia 980–1584, Janet Martin, Cambridge University Press, Cambridge, 1993
The successors of Genghis Khan. Raschid ed Din, University Press, New York 1971
The Shoah in Ukraine: History, Testimony, Memorialization, Raz Brandon, (Editor), Wendy Lower, Indiana University Press
Encyclopedia World and its People: Belarus, Russian Federation, and Ukraine. Marshall Cavendish Corporation, 2009
Enciclopédia Britânica
Wikipedia