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524 anos atrás, o Brasil foi oficialmente descoberto. Era o dia 22 de Abril de 1500

In EM PORT.-BRASIL
April 22, 2024

Duas gerações de imigrantes se encontram e essa nova leva de imigrantes transformou substancialmente o Brasil em relativamente bem pouco tempo, cujas consequências ainda hoje exercem forte influência no dia-a-dia brasileiro.

A ilustração abaixo mostra como deve ter ocorrido o encontro de duas gerações de imigrantes: os que estão no continente são descendentes dos primeiros imigrantes e os que estão no barco são os novos imigrantes. Os do continente viviam em pequenas aldeias, cujos limites protegiam a área de morada e o terreno de caça. Os novos imigrantes dominarão tudo e todos os seres vivos, e estabelecerão fronteiras geopolíticas que abrangem muito mais do que apenas aldeias ou tribos e suas respectivas áreas de caça. Eles pensam economicamente em proporções astronômicas.

Em 1492, com a expedição de Cristóvão Colombo os espanhóis chegaram ao continente americano onde hoje é a América Central. Dois anos depois, espanhóis e portugueses, com o apoio da Igreja Católica, chegaram a um acordo que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas, que estabeleceu a divisão das novas terras a oeste entre portugueses e espanhóis. Cabral chegou ao Brasil por acaso, devido a uma manobra planejada (intencionalmente distante da costa da África), pelo mau tempo e pela corrente do Golfo da Guiné. Qualquer coisa deixada flutuar no Golfo da Guiné, tem alta probabilidade de ser levada pelas correntezas à costa do Nordeste. Os ventos do Atlântico Sul também ajudam.

Título: DESEMBARQUE DE PEDRO ÁLVARES CABRAL EM PORTO SEGURO, 1500
Autor: SILVA, OSCAR PEREIRA DA
Data: 1900
Técnica: ÓLEO SOBRE TELA
Dimensões (a_cm, a_sm X l_cm, l_sm): 231-190-373-330
Coleção:FUNDO MUSEU PAULISTA – FMP
Foto: José Rosael-Hélio Nobre-Museu Paulista da USP
Acervo: Museu Paulista da USP, Domínio Público

Os européus não foram os primeiros imigrantes a chegarem nesta região que chamamos de Brasil (o nome Brasil surgiu no séc. 17) e os habitantes que já estavam em terras brasileira também se originaram através de um processo de migração. Ainda na idade do gêlo vieram muitos outros seres humanos de outras regiões do planeta e povoaram o Brasil.

Fato interessante: Entre os séculos III e VIII, a região européia do Império Romano foi invadida por bárbaros (“Invasão Bárbara” ou Migração de Nações).

De acordo com a conhecida história da colonização do continente americano e de acordo com a hipótese básica mais antiga (Hipótese de Behring), pessoas de diferentes raças e clãs migraram durante a última era glacial da Eurásia através do congelado Mar de Bering para a América do Norte e de lá para diferentes regiões de todo o continente americano (a última era glacial atingiu o alge há cerca de 21.000 anos e terminou há cerca de 10.000 anos).

A map of vegetation patterns during the last glacial maximum 25.000-18.000 years.
Map generated from shapefile published by Ray, N. and J. M. Adams. 2001, “ A GIS-based Vegetation Map of the World at the Last Glacial Maximum (25,000-15,000 BP). Internet Archaeology 11. ” 
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Com o recuo das camadas de gelo, devido ao aquecimento global, os movimentos migratórios diminuíram significativamente, mas muitos grupos de imigrantes avançaram para o interior e migraram até a Terra do Fogo (onde o Pacífico e o Atlântico se encontram), enquanto outros se estabeleceram em todo o continente.

Os primeiro habitantes do Brasil

Os primeiros habitantes do Brasil são, portanto, imigrantes da Eurásia (segundo a hipótese de Bering) que chegaram ao Brasil, fundaram suas comunidades, desenvolveram suas áreas de caça e moradia, sem nenhuma atividade econômica significativa. Eram autossuficiente.

Mas as atividades de expansão e dominação geopolítica já faziam parte da natureza humana dos imigrantes nessa época. Sabe-se que esses povos não raramente entravam em conflito uns com os outros e travavam duras batalhas, por exemplo, por questões relacionadas à área de caça. Isso é conhecido pelos relatos dos primeiros europeus que viajaram pelo Brasil do século XVI, documentaram e publicaram seus conhecimentos em livros.

Curiosidade: Índios eram os bárbaros da América. O nome índio foi atribuído aos habitantes das Américas por colonos europeus, que por muito tempo chamaram a América de Índias Ocidentais. Deriva do erro de Colombo em acreditar que em sua viagem de 1492 ele havia encontrado a Índia, o „outro mundo“, como ele o chamava. Assim, a palavra foi usada para denotar indiscriminadamente uma infinidade de grupos indígenas.

Quando Pedro Álvares Cabral chegou à costa brasileira em 1500, a população estimada do Brasil estava em torno de cinco milhões. A nação Tupis ocupava uma região litorânea que se estendia de Canoa Quebrada (CE) a Cananeia (SP). A nação dos Guaranis distribuía-se ao longo do litoral sul do país e no interior das bacias dos rios Paraná e Paraguai. Em outras regiões existiam outras tribos, comumente chamadas de Tapúias, palavra tupi que denotava índios que falavam uma língua diferente.

Sociedades indígenas brasileiras formavam suas nações com base nos aspectos linguísticos e culturais

Nos aspectos linguísticos e outros culturais, os grupos dos primeiros brasileiros se reconheciam através de características semelhantes e isso lhes permitiu determinar sua filiação tribal. Grandes nações indígenas como as sociedades Tupi e Guarani se formaram com base em sua língua e costumes. Com o passar do tempo, os grupos foram formados e mantidos principalmente por laços familiares. As aldeias, ou seja, os agrupamentos menores, relacionavam-se por parentesco com unidades maiores, as tribos.

Curiosidade: A história dos romanos nas fronteiras dos países bárbaros nos ensina que o mesmo comportamento era praticado entre as tribos bárbaras; por exemplo, tal comportamento é fortemente conhecido na formação do povo germânico e, posteriormente, de seus sucessivos estados até a época da República Federal da Alemanha.

Os resultados de pesquisas mais recentes de cientistas brasileiros demonstram a diferenciação linguística e social durante o processo de formação das sociedades indígenas, que levou, por exemplo, à formação das tribos „Macro-Jê“ e „Macro-Tupi“. Os povos Tupis e Guaranis emergiram deste último entre os séculos 8 e 9. Essas são as nações indígenas que mais se destacaram nos últimos 500 anos da história brasileira justamente por terem tido um contato mais próximo com os brancos.

Segundo Aryon Dall’Igna Rodrigues (*), um dos mais famosos pesquisadores das línguas indígenas do Brasil, o Tupi é a língua que cobre o território brasileiro, com registros de ocorrência nos estados do Amapá e Pará ( Norte); no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; na costa atlântica e também em Rondônia, bem como nos principais afluentes meridionais do Amazonas, ou seja, o Madeira, o Tapajós, o Xingú e também nos estados do Tocantins e na região do Araguaia. O ramo linguístico tupi é composto por dez famílias linguísticas, às quais se reconhece uma origem pré-histórica comum. Essas famílias são reconhecidas como geneticamente relacionadas em um nível mais distante, formando um conjunto de grupos denominado tribo linguística, neste caso a tribo Tupi. Essas dez famílias são as seguintes: Arikém (AR), Awetí (AW), Jurúna (JU), Mawé (MA), Mondé (MO), Mundurukú (MU), Puruborá (PU), Ramaráma (RA), Tuparí (TU ) ) e Tupi-Guarani (TG). A língua tupi-guarani é um grupo linguístico dividido em oito subgrupos, um dos quais pertence aos tupinambás, cujas características são mais tupi do que guarani.

O ramo da língua Macro-Jê inclui doze famílias e possui uma peculiaridade hipotética devido à sua descoberta recente e às poucas pesquisas relacionadas a ela. Segundo Joan Boswood (*), Lévi-Strauss e Nimuendajú afirmam que os grupos Jê ocupam a metade oriental do planalto brasileiro. Segundo Aryon Dall’Igna Rodrigues (*) As línguas do ramo linguístico Macro-Jê se espalharam do estado do Maranhão ao Rio Grande do Sul, de Aruak na Amazônia ocidental e oriental, até Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e Karib norte do Amazonas Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, mas com algumas línguas ao sul desse rio, ao longo de seu afluente Xingu, nos estados do Pará e Mato Grosso.

No século XVI, o início de uma intensa fase de emigração

Com a chegada de Colombo na América Central (1492) e depois de Cabral no Brasil (1500), o conhecimento desse novo mundo se espalhou pela Europa, levando a verdadeiras ondas de tsunami de imigrantes para as Américas, e o Brasil foi um dos focos de grandes movimentos migratórios europeus. Imediatamente após a expedição de Cabral, inúmeras expedições européias chegaram ao Brasil. Uma dessas expedições ao Brasil em 1555 trouxe consigo um homem curioso e trabalhador, filho de um barbeiro-cirurgião que se tornaria um dos autores mais prolíficos e controversos do Renascimento: André Thévet.

Relatos sobre os habitantes do Brasil

Quando Cabral chegou ao Brasil, nada sabia sobre esse território e seus habitantes. Seus habitantes não possuíam o domínio da escrita.

Vieram muitas pessoas cultas com as expedições que chegam ao Brasil. Expedições francesas e holandesas chegaram logo após o anúncio da descoberta na Europa. Por exemplo, na tentativa de colonizar o Brasil, a primeira expedição francesa chegou ao Rio de Janeiro em 1555, com apoio político e financeiro do rei Henrique II e liderada por Nicolas Durand de Villegagnon. Trouxe mais de seiscentas pessoas ao litoral do Rio de Janeiro, incluindo o franciscano André Thévet (na função de capelão da expedição). Ele ficou apenas dez semanas porque adoeceu e logo teve que voltar para a França. André de Thévet publicou um livro sobre o Brasil e os costumes de seu povo antes que Cabral o descobrisse: Las Singularitez de la France Antartique. Este livro foi publicado em 1557. Este trabalho é um dos primeiros livros a fornecer informações etnográficas sobre o Brasil.

Curiosidades:

Segundo documento da Biblioteca Nacional Digital Brasileira, não foi o próprio Thévet quem escreveu seu livro, mas um colaborador mais familiarizado com a arte de contar histórias; a prática se estenderia a várias outras obras do franciscano.

Em seu livro Théve descreve a abordagem dos guerreiros Tupinambá aos seus inimigos e a compara com a abordagem dos guerreiros gauleses também aos seus inimigos (58 a 51/50 aC) descrita pelo historiador romano Tito Livio. A partir disso, pode-se ver que a história se repete porque os humanos têm uma estrutura natural para a aplicação do conhecimento que pouco mudou ao longo dos tempos, mesmo quando o conhecimento se renovou e se modernizou. Os primeiros brasileiros, mesmo sem dominar a arte da escrita, já possuíam uma estratégia de guerra semelhante à dos romanos, que já dominavam a escrita e seus militares recebiam treinamento de guerra antes de serem autorizados a entrar em campo.

Na Europa, a escrita e a leitura ainda eram reservadas aos ricos e influentes na igreja, na política e nos negócios

No Brasil do século XVI, os habitantes não eram nem alfabetizados nem alfabetizados, e na Europa era quase a mesma coisa: no mesmo século, alfabetizar era coisa de cidadãos abastados, ou seja, pouquíssimos europeus sabiam ler e escrever (*).

No Brasil, região de grande abundância de alimentos e clima filantrópico, os imigrantes que aqui chegaram obviamente não tiveram que desenvolver nenhuma escrita desde a Idade do Gelo, por exemplo para documentar suas estratégias de defesa e guerra, suas medidas de construção ou de conservação de alimentos, para que possam passar adiante às futuras gerações, como o fizeram os índios dos Andes, do Deserto de Nevada ou mersmo dos europeus. Um ditado alemão diz assim: “A necessidade é a mãe da invenção”. No Brasil, provavelmente, não houve dificuldades que obrigassem os habitantes a desenvolver nem a escrita nem outras habilidades como conservação de alimentos, etc. Eles não precisavam necessariamente desse conhecimento, porque a natureza maravilhosa colocava às suas portas tudo o que as pessoas precisavam para viver.

Attaque d’un village fortifié = Angriff auf ein befestigtes Dorf. „Brésil. Colombie et Guyanes“, 1837
Teil Brésil HISTOIRE ET DESCRIPTION DE TOUS LES PEUPLES, DE LEURS RELIGIONS, MOEURS, COUTUMES, etc. pág.33. Ilustração, de Ferdinand Denis. O livro de Ferdinand é baseado nas obras de vários conhecedores anteriores do Brasil, como Jean de Léry, mas Fredinand ilustrou os eventos descritos nas obras consultadas.

Os primeiros conhecimentos, conforme já informado mais acima, baseiam-se principalmente em relatos e descrições de viajantes europeus que aqui estiveram e usando o filtro cultural pessoal com muita criatividade nos deixaram relatos mais abragentes sobre o modo de vida indígena, desde os aspectos mais triviais, como as vestes e adornos, até os mais complexos, como as crenças religiosas. Por exemplo, o alemão Hans Staden e um outro francêses,Jean de Lery, nos deixaram seus relatos bem documentados.

Página do livro de Hans Staden, com o título do mesmo, publicado em alemão no ano de 1557. Título: Warhaftige Historia vnd Beschreibung eyner Landtschafft der wilden, nacketen, grimmigen Menschfresser Leuthen, in der Newenwelt America gelegen, vor vnd nach Christi Geburt im Land zu Hessen vnbekant, biss vff dise ij. nechst vergangene Jar, da sie Hans Staden von Homberg auss Hessen durch seine eygne Erfarung erkant, vnd yetzo durch den Truck an Tag gibt. : mit eyner Vorrede D. Joh. Dryandri … Inhalt des Büchlins volget nach den Vorreden.
Página do livro de Jean de Lery, com o título do mesmo, publicado em francês no ano de 1594. Título: Historia navigationis in Brasiliam quae et America dicitvr : qua describitvr avthoris navigatio, quaeque in mari vidit memoriae prodenda, Villagagnonis in America gesta : Brasiliensium victus & mores, à nostris admodum alieni, cum eorum linguae dialogo : animalia etiam, arbores atque herbae, reliquaque singularia & nobis penitus incognita

Sobre as épocas anteriores à chegada dos portugueses ao Brasil, a ciência conta somente com a contribuição da antropologia e da arqueologia, cujos métodos modernos permitem entender de forma cada vêz mais abrangente o passado de diversas nações que se formaram a partir das primeiras imigrações em terras brasileiras.

A colonização do Brasil está sendo continuamente estudada, e os pesquisadores têm feito avanços interessantes até agora. Até recentemente, pensava-se que este processo de formação populacional ocorreu cerca de 15.000 anos atrás. No entanto, ele os novos conhecimentos trazem novidades sobre o assunto, o que permite novas conclusões a respeito. A arqueóloga brasileira Niède Guidon, que há mais de 40 anos estuda vestígios da presença humana no estado do Piauí, no nordeste do Brasil, acredita que os emigrantes da região norte-americana ocuparam o Brasil há mais de 60 mil anos. Guidon é membro da missão de arqueologia franco-brasileira no Piauí, que recentemente descobriu habitações e artefatos humanos de 24 mil anos. Este fato mudou a compreensão dos cientistas sobre os imigrantes que chegaram pela primeira vez na América do Sul. A descoberta está entre os 2.200 artefatos encontrados no Vale da Pedra Furada, sítio arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, no estado do Piauí. Com base nesses resultados de pesquisas, atualmente supõe-se que houve assentamento humano na América do Sul muito antes do que se acreditava anteriormente (durante a última era glacial), ou seja, cerca de 26.000 anos atrás.

Cerimonia de Guerra_Página ilustrada no livro do francês Ferdinand Jean Denis. Este se baseou em obras, como por exemplo a de Jean de Léry e ilustrou em seu livro acontecimentos descritos nas obras consultadas. Eis uma descrição de Ferdinand, em seu livro „Brésil. Colombie et Guyanes„, pág. 22: „Outros eram conhecidos pelos nomes de guaibipaye e guaiblabucu; mas o mais estranho e solene era aquele em que os guerreiros, formando um imenso círculo sem mudar de lugar, contavam suas façanhas em um canto grave e medido; era mais uma cerimônia de guerra do que uma dança propriamente dita, e raramente era renovada, exceto a cada três anos. A que Lery assistiu consistia de 5 ou 600 guerreiros, divididos em três tropas diferentes.“

O continente dos novos imigrantes do Brasil no século 16

O século 16 começou em 1 de janeiro de 1501 e terminou em 31 de dezembro de 1600. Durou apenas 36.514 dias devido à reforma do calendário gregoriano de 1582, de acôrdo com o calendário juliano-gregoriano.

O mundo no ano 1555, séc. 16. This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 4.0 International license, Von Urnanabha – Eigenes Werk Blank map from File:World_Map_Blank.svg., CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=46345326

A Europa estava geo-politicamente estruturada em forma de numerosos estados monárquicos de confissão cristã, dos quais França, Inglaterra, Espanha e Polônia-Lituânia eram os maiores. Os estados eram governados por famílias (monarcas) que passavam seus domínios para seus descendentes. Neste século 16, a dinastia dos Habsburgos se tornou a dinastia mais poderosa da Europa. Esta família forneceu diversos imperadores do Sacro Império Romano da Nação Germânica (vasta Europa Central). O Império Czarista Russo (Europa Oriental), influenciado pela ortodoxia russa, não apenas conquistou territórios europeus vizinhos, mas também iniciou sua expansão na Sibéria. O sudeste da Europa era governado pelo Império Otomano muçulmano.

Novos imigrantes, senhores coloniais e suas novas práticas de economia e de poder político

As conquistas dos reinos ibéricos na América ajudaram muito a integração da Europa no comércio mundial. Eles não apenas aumentaram significativamente o volume de mercadorias europeias comercializadas em países americanos, mas também expandiram significativamente seu conhecimento do mundo e da ciência. Por exemplo, o Humanismo e o Renascimento (um movimento na Europa entre os séculos XIV e XVI), já bem amadurecido na cultura europeia, difundiu-se do seu país de origem (Itália) para os países do norte dos Alpes e daí para o novo mundo.

Os novos imigrantes do século XVI também trouxeram para o Brasil uma materialização das regras do domínio político, ou seja, eles aumentaram e concretizaram as chances de obter a obediência de certos grupos de pessoas nas terras conquistadas, para que assim pudessem exercer o domínio econômico e político local (coisa que no Brasil e noutros países latinos não mudou significativamente desde suas independências políticas da Europa até o presente século XXI).

A escravização das pessoas

Com o tempo a troca global de bens, conhecimentos e idéias atingiram uma intensidade e qualidade sem precedentes. Os interesses econômicos europeus, apesar de todos os já bem amadurecidos ideais humanistas e renascentistas que moldaram as sociedades européias, levaram a uma nova forma de relações humanas no Brasil: a escravização.

Enquanto os habitantes do Brasil, antes do descobrimento do Brasil, apenas matavam seus adversários em batalhas e seus cativos lhes serviam de alimento (se praticavam o canibalismo), os novos imigrantes, chamados de colonizadores, praticavam a escravização dos habitantes locais com a ajuda de seus governantes, posteriormente também a escravização de africanos que foram aprisionados em seus países de lorigem e trazidos acorrentados para o Brasil, onde foram obrigados a trabalhar e submetidos aos mais brutais castigos, como a tortura.

Toda a economia brasileira foi estruturada inteiramente para atender às necessidades européias (exportação de bens e bens gerados pelos governantes coloniais).

Curiosidade: eu, o autor deste artigo, lembro muito bem que na década de 1980, quando se tinha dinheiro e sorte, os brasileiros gostávamos de solicitar em lojas produtos destinados à exportação, coisa boa, o que não era para o mercado interno, coisa para o brasileiro ce classes sociais inferiores. Se desse sorte, se poderia comprar o mesmo produto que existe no mercado, mas com uma qualidade destinada apenas ao mercado externo. Custava mais caro, mas valia a pena. As pessoas que pertenciam a uma classe social mais alta só compravam produtos brasileiros, que eram destinados à exportação. Isso era um símbolo de status. De camisas a automóveis, quem podia comprava um produto feito para exportação.

As doenças também vieram com a chegada dos europeus: a população indígena diminuiu acentuadamente devido às epidemias introduzidas pelos primeiros europeus (população mundial no início do século +/- 440 milhões de pessoas, no final do século +/- 560 milhões pessoas).

No século XVI, a orientação religiosa (confissão), ou seja, a cultura religiosa na Europa, tornou-se cada vez mais importante como característica da delimitação territorial mútua. O cristianismo latino na Europa se ramificou durante a Reforma Protestante (1517-1555 dentro do Sacro Império), dando origem a várias outras denominações cristãs (católicas, luteranas, reformadas etc.).

Ano 1618, mapa da Europa Central, região dominada pelo Sacro Império Romano das Nações Germânicas, com as novas confissões. This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported, 2.5 Generic, 2.0 Generic and 1.0 Generic license

Fontes literárias:

SOBRE A ORIGEM DO NOME ÍNDIO

  • IBGE, 500 anos de Brasil, Link>>>

SOBRE OS ÍNDIOS TUPÍS

  • Aryon Dall’Igna Rodrigues, A Originalidade das Línguas Indígenas Brasileiras. ComCiência: revista Eletrônica de Jornalismo Científico, SBPC, Linguagem: cultura e transformação, Nr. 23, August 2001. (Konferenz zur Einweihung des Labors für indigene Sprachen des Instituts für Literatur der Universität Brasília am 8. Juli 1999). Aceeso no dia 30. Agosto 2014, pág. 187-188. Acesso através de uma universidade alemã, Link >>>
  • Joan Boswood, Quer falar a língua dos canoeiros? Rikbaktsa em 26 lições. (Edição Online 2007) Associação Internacional de Linguística–SIL, Cuiabá-MT.
  • Joan Boswood, Evidências Para a Inclusão do Aripaktsa no Filo Macro-Jê. Série Linguística, Associação Internacional de Linguística – SIL, Anápolis, Nr. 1, 1973, pág. 67-69, 

SOBRE LÊR E ESCREVER NA EUROPA MEDIEVAL

  • Bernhard BISCHOFF, Elementarunterricht und Probationes pennae in der ersten Hälfte des Mittelalters. Em: Classical and mediæval studies in honor of Edward Kennard Rand, presented upon the completion of his fortieth year of teaching, Ed. Leslie Webber JONES. New York 1938, Pág. 9­20. ­
  • Heinrich FICHTENAU, Mensch und Schrift im Mittelalter. 1946, Pág. 57­62, 166 f. mit Anm. 297 und Ilustração 7. ­
  • Gert A. ZISCHKA, Der Vorgang des Schreibens und Lesens im Mittelalter. Em: Librarium 4 (1961), Pág. 138­ a 142. ­
  • Ludwig ROCKINGER, Zum baierischen Schriftwesen im Mittelalter. AAM 12/1. 1873, Pág. 51­ a 54
  • Wilhelm WATTENBACH, Das Schrift wesen im Mittelalter. 1896, Pág. 264­ a 270, pág 274, pág. 283­ a 285.

SOBRE OS PRIMEIROS RELATOS SOBRE O BRASIL E SEUS HABITANTES

  • Jean de Léry: Historia navigationis in Brasiliam quae et America dicitvr : qua describitvr avthoris navigatio, quaeque in mari vidit memoriae prodenda, Villagagnonis in America gesta : Brasiliensium victus & mores, à nostris admodum alieni, cum eorum linguae dialogo : animalia etiam, arbores atque herbae, reliquaque singularia & nobis penitus incognita. Ano de publicação: 1594.
  • Hans Staden: Warhaftige Historia vnd Beschreibung eyner Landtschafft der wilden, nacketen, grimmigen Menschfresser Leuthen, in der Newenwelt America gelegen, vor vnd nach Christi Geburt im Land zu Hessen vnbekant, biss vff dise ij. nechst vergangene Jar, da sie Hans Staden von Homberg auss Hessen durch seine eygne Erfarung erkant, vnd yetzo durch den Truck an Tag gibt. : mit eyner Vorrede D. Joh. Dryandri … Inhalt des Büchlins volget nach den Vorreden. Ano de publicação: M.D.LV.II (1000.500.55.2) ou 1557.

SOBRE AS NOVAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS NO ESTADO DO PIAUÍ

  • Publicação na revista Plos One sob o título „24.0 kyr cal BP stone artefact from Vale da Pedra Furada, Piauí, Brazil: Techno-functional analysis“ Link>>>

SOBRE A POPULAÇÃO EUROPÉIA

  • Andreas Weigl: Bevölkerungsgeschichte Europas: von den Anfängen bis in die Gegenwart. Böhlau Verlag, Wien 2012, pág. 50.

SOBRE A REFORMA

  • Ulrich Köpf: Reformation. Em: Religion in Geschichte und Gegenwart (RGG). 4. Edição.Tomo 7, Mohr-Siebeck, Tübingen 2004, pág. 145–159.
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