Com a mais poderosa economia da União Européia (UE) em risco, a Alemanha, a Comissão da UR presidida pela alemã Ursula von der Leyen apressou-se semana passada para realizarem um acordo sobre redução de suas respectivas demanda por gás em reação ao fornecimento reduzido de gás pela Gazprom da Rússia para a Europa.
Mas os estados-membros do sul da UE deixaram claro que não estavam dispostos a convordar com um corte de 15% nas suas respectivas demandas por gás, pois muitos desses países são energéticamente bem mais vulneráveis do que a Alemanha, e foi a mesma que forçou a UE tornar-se dependente do gás russo.
Enquanto a Alemanha até final de junho continuava dependente das importações russas para cerca de um quarto de suas necessidades de gás e agora urgentemente e sob enorme pressão se empenha em expandir a infraestrutura para importar gás natural liquefeito (GNL), a Espanha estrategicamente expandiu massivamente sua estrutura de GNL e agora depende pouco de importações do gás russo.
Num passado não tão distante, durante a crise econômica de 2008 em diante, ministros alemães se apressaram para dar lição nos países-membros do sul da UE, apontaram para estes e cobravam destes que aprendessem a fazer suas tarefas de casa (como a Alemanha). Na época os jornais da Alemanha se referiam a tais países com sarcasmo (e lía-se nos comentários dos leitores coisas do tipo „os PIGS da UE“ e se lia também a famosa frase da época do II Império alemão: „pela natureza alemã o mundo se salvará“ (am deutschen Wesen soll die Welt genesen). Agora a Espanha deu continuidade na linha histórica e afirmou nesse contexto de crise onde a Alemanha não soube fazer sua tarefa de casa: “Fizemos nosso dever de casa”, falou a Ministra da Transição Ecológica da Espanha, Teresa Ribera.
Outros estados do sul, como Portugal e Itália, também sinalizaram sua oposição, forçando a desistência dos planos de emergência que lhes permitiriam seguir diferentes caminhos nacionais para se preparar para os cortes de abastecimento russos.
“Eles não podem exigir de nós um sacrifício para o qual não nos pediram uma opinião” (quando tornaram a UE extremamente dependente do gás russo). “Sacrifícios desproporcionais“ seu país não fará; nenhuma família espanhola precisará temer cortes no abastecimento de gás no inverno, solidariedade européia ou não. „A Espanha fez sua lição de casa e não viveu além de suas posses.” disse a Ministra da Transição Ecológica da Espanha, Teresa Ribera.
Agora o feitiço virou-se contra o feiticeiro e os países do sul da UE não mais serão forçados a se salvarem pela natureza alemã, pois esta não mais surte efeito nem mesmo para ela.
A mídia alemã não se recorda dos maus sentimentos que ela mesma com suas matérias sarcasticas ajudou a causar nos países-membros do sul da UE, mas agora escreve sobre a atual situação como se quisessem se redimir, coisa típica, pois metem o pau, destroem e depois, quando a situação muda e ela, a Alemanha, fica na ciranda, a mesma mídia escreve coisas como se quizessem por curativos nas enormes feridas abertas por ela e pelo governo nos países amigos
„Os danos colaterais que vários governos (alemães) deixaram para trás na UE são muito grandes. Ao construirem (o gasoduto) Nord Stream 1, eles ignoram os interesses de energia e segurança da Polônia e outros estados da Europa Central e Oriental. E eles sempre insistiram em se comportarem com supremos sabichões, mais recentemente (isso voltou a ocorrer) durante o desacordo de taxonomia sobre a energia nuclear.“
Ministra da Transição Ecológica da Espanha, Teresa Ribera.
“Alguns estados sofreram muito durante a crise financeira e tiveram que suportar as falas dos alemães”… “E agora eles devem economizar gás massivamente para resgatar esses mesmos alemães, que trouxeram essa situação para si mesmos com uma política energética equivocada”.
Ministra da Transição Ecológica da Espanha, Teresa Ribera.
O ministro grego da Energia, Kostas Skrekas, também não acha que os gregos devem economizar para que os alemães possam passar o inverno apesar de sua dependência auto-infligida do gás russo: o governo grego provavelmente quer evitar essa impressão. A historia da crise do euro, quando os alemães impuseram medidas brutais de austeridade aos gregos, ainda est bem viva na mamoria do povo grego.
„Putin está jogando um jogo pérfido”, disse Habeck à agência de notícias dpa. “Ele está tentando enfraquecer o grande apoio à Ucrânia e criar uma barreira em nossa sociedade. Para fazer isso, ele provoca incertezas e eleva os preços. Estamos contrariando isso com unidade e ação concentrada”.
O que o ministro alemão ignora é que a Rússia está em guerra na Ucrânia e a Alemanha se aliou à Ucrânia, e sendo assim, declarou guerra contra a Rússia.
Fontes
Solidarität mit Deutschland? EIN KOMMENTAR von Werner Mussler, 25.07.2022, 20:35 Uhr; https://m.faz.net/aktuell/wirtschaft/gas-sparplan-der-eu-viele-laender-wenig-solidarisch-mit-deutschland-18198051.html
Gasmangel: Frieren für die Deutschen? 23 Juli 2022, 6:20 Uhr; https://www.sueddeutsche.de/politik/gasmangel-von-der-leyen-streit-in-der-eu-1.5626376