77 views 13 mins 2 comments

Europa e suas guerras desde 1945 – parte I

In EM PORT.-BRASIL
März 31, 2022

A Segunda Guerra Mundial terminou em 8 de Maio de 1945. Quando as forças aliadas conseguiram por fim nas atrocidades alemães, mais de 70 milhões(1) de pessoas estavam mortas.

Motivo da II Guerra mundial: Forçar a Alemanha a parar com as invasões territoriais de nações soberanas e impedir que ela continuasse cometendo atrocidades.

A Segunda Guerra Mundial teve consequências devastadoras para a Europa. As perdas humanas foram extremamente graves e as pessoas ficaram chocadas ao descobrir as atrocidades perpetradas pela Alemanha nazista. As economias de vários países europeus ficaram em frangalhos: cidades inteiras e suas regiões foram extremamente destruídas por bombardeios, as infra-estruturas de comunicação foram danificados, famílias inteiras foram dizimadas e outras em grande parte destruídas, seus bens foram roubados e/ou destruídos pelos alemães, infra-estruturas industriais e agrícolas foram destruídas e houve escassez de alimentos.

Desde a invasão russa da Ucrânia, diversos jornais na Alemanha estão publicando que esta seria a primeira guerra na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas isso não é verdade. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) houve pelo menos 17 outras guerras na Europa. A guerra entre Rússia e Ucrânia é a mais recente, com duração de facto desde 2014.

É fácil conduzir mentes sensatas a acreditar em coisas desejavelmente boas, principalmente depois de tanto sofrimento. Mesmo a mente sensatamente, mas menos estudiosa e que se deixa mais facilmente influenciar, assim como a é a mente das massas populares(2), acredita rapidamente naquilo que lhe é mais conveniente e está de fácil acesso nas mídias. Por isso é importante encontrar meios de fazer os fatos serem relembrados de forma que as atuais gerações tomem conhecimento.

Segundo pesquisas, aconteceram pelo mesno 17 conflitos

I. A Guerra Civil na Grécia: início desconhecido, mas aceita-se que seja de Março de 1946 a 9 de Outubro de 1949.

Motivo: Foi desencadeada porque queriam reinstaurar a monarquia no país após a guerra.

Após a Segunda Guerra Mundial, os movimentos de resistência gregos protestavam fortemente contra movimentos para a restauração da monarquia. De 1946 a 1949 houve recorrentes combates sangrentos entre a Frente Popular de esquerda e seu Exército Democrático da Grécia (DSE), que contava com o apoio logístico da Albânia e da Iugoslávia, de um lado, e do governo conservador grego, que foi apoiado pela Grã-Bretanha até 1947 e a partir de março de 1947 pelos EUA sob a Doutrina Truman. As forças do governo conservador grego receberam maciço apoio militar e financeiro dos britânicos e, mais tarde, dos EUA, que temiam que a Grécia, último estado balcânico ainda não dominado pelos soviéticos, viesse a ficar sob influência da UdSSR.

Como país vizinho da Turquia, a Grécia já era na época uma zona estratégica e um espaço econômico de suma importância para a Europa ocidental, pois a Grécia serve à Europa Ocidental de bastião para o bloqueio do domínio soviético no Mediterrâneo oriental e para a proteção das reservas de petróleo do Oriente Médio da influência riussa.

———-Para se situar melhor———

A Turquia e a Rússia possuem laços fortes de amizade: A Rússia soviética foi o primeiro país no mundo a reconhecer a Grande Assembleia Nacional (Meclis) do governo turco em 1921, ou seja, o parlamento do novo estado turco. A UdSSR reconheceu o Meclis „numa época em que ninguém mais havia feito isso„, segundo Ataturk (3), o fundador do atual estado da Turquia, este que surgiu depois da falência do império otomano.

————————————————————————-

Motivos da Grécia ser de alta importância estratégica e econômica para as potências do ocidente:

1. Limitar o domínio russo no Mediterrâneo oriental

2. Proteger as reservas de petróleo no Oriente Médio contra a influência russa

Com a ruptura de Tito com a União Soviética, os combatentes gregos contra a instauração da monarquia perderam sua fonte mais importante de suprimentos, o que os sucessivamente enfraqueceu e, no final das contas, em 9 de Outubro de 1949, decidirm interromper temporariamente as operações de combate, fato esse que mais tarde se tornou um ato permanente. Os Estados Unidos se comprometeram a salvaguardar a independência e a integridade territorial do país, e pressionaram os líderes políticos a estabelecer um governo de unidade nacional e implementar reformas econômicas. A Grécia também recebe ajuda do Plano Marshall e está gradualmente se juntando ao sistema ocidental; Em 1949 juntou-se ao Conselho da Europa e em 1951 tornou-se membro da OTAN.

O fim do levante comunista na Grécia, que custou a vida de mais de 50.000 pessoas, também marcou o fim do avanço soviético na Europa. A monarquia foi reinstaurada na marra.

Mas a monarquia trouxe mais miséria ainda e o país não encontrou descanso(5). A monarquia foi restaurada sob novas formas democráticas. A pobreza em massa assolou o país, enquanto as elites do capital abandonavam o país. Em 1967, oficiais de alta patente militar tomaram o poder. Seguiram-se prisões, deportações e tortura(5). A opinião pública foi colocada em linha com as do poder. O rei deu um contra-golpe que não surtiu efeito e ele novamente foi parar no exílio: os coronéis aboliram formalmente a monarquia em 1973(5).

Fontes literárias

  1. Worldwide Deaths in World War II, by the National WW II Museum
  2. Essay Massenpsychologie und Ich-Analyse, Sigmund Freund, 1921, Fischer Verlag (Trad.: Ensaio sobre psicologia de multidão e análise do ego, Sigmund Freund, 1921, Editora Fischer)
  3. »Stalin’s Demands: Constructions of the ›Soviet Other‹ in Turkey’s Foreign Policy, 1919–1945«, Kıvanç Coş/Pinar Bilgin, na publicação: Foreign Policy Analysis, 6 (2010)
  4. „GREEK GUERRILLAS FLEE AFTER BATTLE GREEK INSURGENTS ARE REPULSED“, The New York Times, July 26, 1947.
  5. „Neugriechenlands Geschichte ist eine Katastrophe“, Jornal alemão Die Welt, 17.06.2011 (trad.: A história da Grécia moderna é uma catástrofe).

II. Guerra do Chipre: Novembro de 1955 a Março de 1959

Motivo: União com a Grécia

O domínio do Chipre pelo império otomano durou de 1571 a 1878 (de jure a 1914). Em 1878, o império otomano arrendou a ilha do Chipre para a Grã-Bretanha em troca de apoio contra um avanço russo na Guerra Russo-Otomana (1877-1878). Em 1914, quando os otomanos entraram na Primeira Guerra Mundial ao lado do império alemão (II Reich) e aliados, a Grã-Bretanha anexou o Chipre formalmente. Inicialmente ele foi governado por uma administração militar, uma década mais tarde, em 1925, a Grã-Bretanha o transfornou na Colônia da Coroa de Chipre.

O império otomano foi extinto e no lugar dele surgiu a atual Turquia cujo reconhecimento como estado aconteceu em 29.10.1923. O Chipre continuou sob domínio britânico e muitos turcos continuaram habitando a ilha, juntamente com gregos.

Sentimento nacional é mais forte

A Grã-Bretanha queria que o Chipre permanecesse sua colônia. Várias ofertas foram feitas pelos britânicos à Grécia para ceder o Chipre de uma vêz por todas à ela, em troca de concessões militares e investimentos britânicos na ilha (1), mas as ofertas britânicas foram sempre recusadas, pois os cipriotas, apesar da crônica falta de investimento em seu estado e a ameça da Turquia, preferiram lutar por sua causa nacionalista: a união com a Grécia.

Já desde a década de 1910 os cipriotas gregos estavam cada vez mais insatisfeitos com o domínio britânico e apoiavam Enosis(1), o conceito de unificação política que defendia que o Chipre grego fizesse parte da Grécia.

Os esforços dos cipriotas gregos para unir o Chipre com a Grécia levaram a uma revolta em 1931(2). Após a Segunda Guerra Mundial, houve repetidos motins. A partir de 1950 Makarios III (estudante de 37 anos de idade que se tornou bispo da igreja cristã ortodoxa do Chipre), em seu duplo papel como arcebispo do Chipre e etnarca (Chefe do Conselho de Etnarquia – o corpo executivo político da Igreja cipriota), assumiu um papel de liderança na luta política dos cipriotas gregos. Em 1955, o EOKA, um exército clandestino grego-cipriota liderado por Georgios Grivas (chefe da resistência de direita) e apoiado por Makarios III, começou a combater sem sucesso o poder colonial britânico com atos de terrorismo e ataques.

A partir de 1958 Makarios III passou a se orientar então na luta pela independência completa do Chipre, enquanto a Grécia começou a negociar uma solução com a Turquia na ONU. Na Conferência do Chipre de Londres em 1959, Makarios, como representante do grupo étnico grego, finalmente assinou o Acordo de Chipre, que acabou com o domínio britânico. Em Dezembro de 1959 ele foi eleito o primeiro presidente de Chipre por grande maioria (66,85%)(2). Enquanto isso, a Grã-Bretanha pode manter o controle de suas duas bases áreas, uma em Akrotiri e a outra em Dhekelia.

Fontes literárias

  1. On all fronts: EOKA and the Cyprus insurgency, 1955-1959 (D.Phil Thesis Novo, Andrew R. (2010)). University of Oxford.
  2. Cyprus and international peacemaking, Mirbagheri, Farid, 1998, London: Hurst.

Em breve mais sobre o tema.

2 comments on “Europa e suas guerras desde 1945 – parte I
    Urtbano

    Muito interessante relembrar que a Europa, o berço do humanismo ocidental, está sempre atolada em guerras. Valeu, gostei do artigo. Fico aguardando a continuação.

    Herbert

    Contra a Turquia que invadiu o Zypern e se apoderou do norte do país os Europeus nada fazem, mas contra a,Rússia sim. Claro o Zypern é pobre e a Rússia é rica, tem tudo o que as potencias europeis precisam para mandar nos outros países.
    A ZDF vai mostrar esta semana um documentario sobre os conflitos na Europa desde 1945.

Leave a Reply