O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, neste domingo, dia 13.03.2022, num programa de TV alemão (talk show da ARD „Anne Will“), criticou a Alemanha por seu comportamento de longa data em relação à Rússia. Ele falou que lamentava ter que dizer que a Alemanha realmente ajudou a construir o atual poder da Rússia e que agora a Ucrânia espera que ela agora também faça muito para parar o maquinário russo de guerra.
Ele vai mais adiante e expressa três expectativas no contexto Alemanha e Ucrânia em guerra:
1a expectativa: que seu país receba todas as armas necessárias para se defender. Ela não acha justo que nos últimos anos a Alemanha tenha tido cooperação de defesa em larga escala com a Rússia e agora a Ucrânia, parceira da Alemanha, fique em posição fraca. „Talvez agora seja a hora de conseguirmos tudo o que precisamos para nos defender“, falou Kuleba.
2a expectativa: ele pediu medidas punitivas mais duras contra a Rússia. Em alguns casos, os EUA estavam dispostos a ir mais longe, mas a Alemanha os impediu diyendo: „Espere um minuto, temos que ser um pouco mais cuidadosos, temos que esperar para ver“. Ele expressou queria elogiar a Alemanha por algumas decisões difíceis nos primeiros dias da guerra, porém quando ele ouve de seus colegas na União Europeia que, por exemplo, um banco russo ainda não foi desconectado do sistema de comunicação bancária Swift ou por que certas sanções ainda não foram introduzidas, ele sempre ouve a mesma resposta dos colegas: „isso é por causa da Alemanha.“ e ele desejou ver a Alemanha liderando as sonções: „Gostaria de ver a Alemanha em uma posição de liderança em relação às sanções“.
3a expectativa: que a Ucrânia torne-se membro da União Europeia (UE). Ele sabe que isso não será possível assim em um piscar de olhos. „Mas esperamos que o governo alemão também apoie esta decisão, porque a Ucrânia faz parte da Europa e a Europa estará mais segura com a Ucrânia.“ afirmou Kuleba.
Kuleba expressou que durante anos a Ucrânia foi amiga do diálogo. „Mas agora vemos a verdadeira face da Rússia.“. „Estamos pagando o preço agora. Nossas crianças estão sendo mortas, nossas cidades foram destruídas a ponto de restar somente o solo. Isso significa que a você (Alemanha) deve admitir que cometeu um erro e deverá corrigi-lo rapidamente.“ Ele ainda em ton de apelo falou: „Pare Putin (o presidente da Rússia, Vladimir), porque a Ucrânia não é seu último alvo. Acredite em mim.“
Sobre a atitute da Alemanha
A Alemanha é um país territorialmente minúsculo. O que a faz ser gigantesca é sua econômia. É desse poder que ela retira todos os outros poderes, principalmente o poder de influência política no mundo. É ingênuo que qualquer país ou expert em política e econômia ou qualquer outra área de conhecimentos exija que a Alemanha saia sansionando parceiros como os EUA o fazem. Os EUA são gigantes em território e economia, podem sobreviver às custas de seu mercado interno. A Alemanha não, ela com o oassado que possuí, precisa ser ainda mais esperta do que outros países.
Quando a estratégia é fortalecer a economia e todos os poderes que dela emanam, a Alemanha tem uma lição a dar a qualquer país grande ou territorialmente pequeno como ela. E a lição não é nova, parece-se com um livro antigo como encapamento novo. A Alemanha existe para assegurar seu poder econômico. E jamais isto será diferente.
A Alemanha pode até botar o bocão no trombone, como se diz popularmente, para fazer seu Marketing de humanismo. Mas ela não vai arriscar boas oportunidades de negócios futuros, nem por causa da ambição russa para com a Ucrânia e nem por qualquer outro motivo. A Rússia era um forte parceiro econômico, até o dia 24.02.2022. Ela investiu pesado na construção de sua „ponte dos negócios“ com a Rússia e precisar avaliar riscos e chances antes de afetar a Rússia mais ainda com sanções. Depois da guerra, tal ponte porecisa ser rapidamente recuperada para que os lucrativos negócios entre Rússia e Alemanha possam voltar a surtir bons efeitos. Se ela for muito dura com a Rússia, os Rússos vão botar a Alemanha de lado. Sentimento nacional é mais forte do que qualquer arma de fogo, e a Alemanha sabe muito bem disso.
Por mais que tal ponte, de vêz em quando, sofra umas pauladas da Alemanha, como agora no caso da Ucrânia, a Rússia entede isto, pois ela está fazendo algo, que ela mesmo condenaria, se fosse a Alemanha que o estivess fazendo. A Rússia não tem uma reserva de sentimentos positivos infinita para com a Alemanha. A Alemanha tem que saber dar as pauladas, caso contrário a Rússia pode enfraquecer até fazer desaparecer a ponte do negócios entre Rússia e Alemanha. Na reestruturação mundial para a nova fase de competição entre as nações a Rússia possui alternativas interessantes.
Forte liderança com passado tenebroso implica em cuidado redobrado
A invasão da Ucrânia pelo parceiro russo pode enfraquecer o próprio poder que a Rússia estava construíndo na Europa e por isso gerando um certo receio geopolítico na UE. Uma Rússia fraca seria sim algo bem-vindo para muitos países do ocidente europeu. Porém, nos dias de hoje, ninguém na Europa vai ter vantagens com uma Rússia totalmente enfraquecida e passível de forte aliança com a China. Se a Rússia se enfraquecer muito, ela vai atraia a China como parceira. Se China extenter fortemente sua aliança com a Rússia, as fronteiras de influência da China se extenderão até as portas da OTAN. Então é bem melhor ter uma Rússia que se auto-domina e assim em condição de manter seu alto nível de cultura e orgulho leste-europeu do que uma Rússia se auto-filuindo sob influências chinesas de toda natureza.
O grande parceiro de negócios da Alemanha na Europa leste (Rússia) invadiu com armas de fogo militares um outro parceiro dela (Ucrânia), sendo que com esse outro parceiro, a obrigação maior dela vem da invasão alemã no regime nazista. Ela retardou sua decisão de enviar armas para a Ucrânia, somente o fêz quando a pressão internacional se tournou insuportável. Essa cartada lhe trouxe pontos positivos para com a Rússia. Porém tal atitude insita qualquer imaginação fértil a pensar que a Ucrânia não seja tão importante para a Alemanha. Uma Ucrânia forte e tão independente vai certamente ficar lembrando a Alemanha das terríveis atrocidades cometidas ao povo uncraniano durante a invasão alemã do III império (Generalplan Ost).
Novamente relutante em fortalecer as sanções em favor da Ucrânia
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, mais de 100 países mundo afora decidiram ajudar a Ucrânia fornecendo armamento militar. A Alemanha forneceu capacetes. Somente depois de muita insiostência e pressão internacional ela resolveu também fornecer armamento militar. No momento a Alemanha está estudando como poderá ficar sua geopolítica e geoeconomia depois da guerra. Somente com uma estratégia bem traçada a Alemanha vai decidir se atende ou não as expectativas da Ucrânia, expressadas ontem pelo seu Ministro das Relações Exteriores. Se ela se decidir por dar mais cartadas pesadas contra a Rússia, ela vai por sua ponte de negócios com a Rússia em situação muito precária, e ela sabe que reconstruir boas amizades comerciais é coisa demorada. O mundo está se reestrutrurando em blocos para dar prosseguimento na competição entre as nações envolvendo agora nações como as do BRICS, e a Alemanha antes da guerra rússo-ucrâniano já enfrentave momentos difícies também no cenário internacional de competição econômica.
O passado influencia sempre o presente
A Alemanha é a líder dentro da UE em quase todas ás áreas. Ela sabe que em tempos de crise, quanto ela se mostra fortemente com as rédeas nas mãos, países-membros da UE, incomodados com a fome de poder alemã, de algum jeito, a lembram da maneira como ela procurou saciar sua fome de poder durante seu III império e buscam ativar sua responsabilidade histórica pela Europa que ela destruiu. Se ela pudesse, ela apagaria esta memória ou tornaria seu impacto no presente mais ameno, como, por exemplo, já tentou fazer isso nos EUA na década de Reagan. Seu passado é fator de cálculo permanente nas suas análises estratégicas. Se seus parceiros de negócios na UE e noutros países da Europa não o esquecem, a Alemanha mesmo jamais poderá desconsiderá-lo. Mas isso não impede da Alemanha fugir do corredor da união e do desejo de bem-estar para com todos os estados-membros da UE. Um exemplo:
A Alemanha fornece armas de guerra à Turquia
A Alemanha forneceu e, 2019 submarinos da classe 214 à Turquia no valor de 184,1 milhões de Euros e vendeu também junto a transferência de knowhow, ou seja, se algum dia ela for mesmo propibida de fornecer armamentos militares à Turquia, a Turquia vai poder construí-los. Como Turquia e Alemanha são de fato irmãos de longas histórias e datas, existe uma certa responsabilidade de um para com o outro que a Alemanha tem o prazer de manter com carinho.
“As armas de guerra exportadas pela Alemanha, que são montadas na Turquia, como submarinos de caça são armas de agressão quase perfeitamente adequadas para a política de agressão da Turquia no Mediterrâneo”, irforma a Deputada Sevim Dagdelen, vice-líder do Partido de Esquerda. Além disso, uma „transferência de tecnologia considerável para a Turquia“ está relacionada a essa exportação, explicou a deputada federal.
Em 2000, a Grécia encomendou quatro destes mesmos submarinos. Porém esse tipo de negócio é comum entre parceiros. A Grécia não somente é país-membro da UE, mas também está inserida num contexto de responsabilidade histórica para proteção pela Alemanha. A Alemanha seguindo a política de expansão territorial de seu III império invadiu a Grécia e cometeu massacres extremamente brutais contra a população civil. Porém esse tipo de reponsabilidade não é bem do gosto alemão.
No dia 03 de Julho de 2021 a BBC publicou um artigo entitulado „Submarinos alemães estão dando à Turquia uma vantagem sobre a Grécia“ (original: German submarines are giving Turkey an edge over Greece).
A Alemanha, que sempre se apresenta com a pomba da paz nas agremiações da paz internacional, sabe que Ancara (capital da Turquia) ignora completamente os direitos marítimos da República do Chipre, que a Turquia não reconhece a República do Chipre como um estado“, o norte do Chipre foi invadido pela Turquia em 1974 e ainda hoje está sob domínio turco, problemas de fronteira marítima semelhantes os do Chipre existem entre a Turquia e a Grécia. E tem mais, os direitos humanos, uma espécie de foice que a Alemanha usa para se intrometer nos negócios políticos de outras nações, são constantemente desobedecidos e feridos pela Turquia. Mas tudo isso tem verdadeiramente pouco importância para ela quando os negócios falam mais altos e se trata de um parceiro de longas dadas com é a Turquia.
Em 17.09.2020 o Jornal alemão Handelsblatt publicou um artigo com o seguinte título: „A Turquia está se tornando uma ameaça constante para a Europa: os sinais na disputa do gás apontam para o relaxamento novamente. Mas apenas temporariamente: a política externa de Ancara continua armada.“ (original em alemão: „Die Türkei wird zur ständigen Bedrohung für Europa: Die Zeichen im Gasstreit stehen wieder auf Entspannung. Aber nur vorübergehend: Ankaras Außenpolitik bleibt scharfgestellt.“)
Mesmo sabendo que a Turquia é constantemente uma ameaça a vários países da UE a Alemanha de Angela Merkel em 2019, até 5 de junho, autorizou a entrega de armamentos no valor de 23,3 milhões de euros, ou seja, uma valor quase o dobro do valor de todo o ano de 2018, com 12,9 milhões de euros. O número de aprovações individuais de exportações foi de 139 no início de junho, comparado a 58 em todo o ano anterior. Essas informações foram fornecidas pelo Ministério de Assuntos Econômicos como resposta ao questionamento de Omid Nouripour, deputado federal pelo partido verde.
É interessante observar que os problemas dos turcos com os grecos e cipriotas se acentuaram mais ainda quando no final dos anos 2000, grandes depósitos de gás natural foram descobertos em partes do Mediterrâneo oriental, particularmente entre Chipre e Israel e na costa do Egito. Os recursos são importantes para a segurança energética dos estados do Mediterrâneo, mas eles se tornaram objetivos de cobiça da UE, dos EUA, China e Rússia além de alguns países europeus não pertencentes à UE, exemplo Turquia.
A Turquia sempre foi um parceiro forte da Alemanha em todos os seus regimes políticos desde seu II império até a atualidade. Se formos bem pragmáticos podemos mesmo refletir da seguinte maneira: a Grécia pode pertencer à UE, mas ela pouco tem a ofecer para garantir forte lealdade da Alemanha como nação orientada à sua participação no poder econômico global. Não vamos esquecer que fatores econômicos que fortalecem a Alemanha na competição entre as nações pesam muito mais do que a simples obrigação de defender interesses de um fraco país-membro da UE. A UE foi criada para que os países-membros se comportassem como estados de uma forte união, mas na verdade isso nunca funcionou bem.
No LinkedIn Emmanuel Stantzos, Ex-ministro dos Assuntos Económicos e Comerciais da Embaixada da Grécia, comentou esse fornecimento de submarinos à Tuquia pela Alemanha da seguinte maneira:
„Quando a Alemanha tem interesse econômico, não há política pró-UE! Mas quando a Grécia é forçada pela Alemanha a vender todas as empresas públicas (para salvar primeiro os bancos alemães), não gostamos que os chineses invistam no porto! E muitos outros… mas quando a China investe na Alemanha está tudo bem!“
Então segue mais um comentário dele: „… quando pedimos para extraditar os culpados (cidadãos gregos) que corromperam políticos gregos para comprar seus equipamentos…. A Alemanha recusou… se você quiser falar sobre corrupção (embora existam regras sobre isso). Mas o que a corrupção tem a ver quando a Grécia é forçada a vender para recomprar as dívidas de seus bancos?! Que estavam ganhando juros altos! E então por que a “segurança” da UE não nos deixa avançar com o plano de investimento COSCO? A Grécia tem 5 portos industriais! Um não é um monopolo! Enquanto fomos obrigados a dar 14 aeroportos para a Alemanha (isto é MONOPOLE)! Mas e a segurança da Grécia? Vendendo armas de agressão para um país que ameaça não só a Grécia, mas a França, Egito, Israel e já fez algumas guerras por aí (Síria contra os curdos, Armênia, Líbia, ocupando 1/3 de um Chipre membro da UE… estou esquecendo de algo ?)… não há embargo de armas?“
Lição de gestão do poder
Lição que deve ser aprendida com a Alemanha: fortalecer a economia a todo custo e se unir de verade com quem se pode tirar vantagens econômicas. Tudo deve acontecer mantendo-se as aparências de amante da paz e da diplomacia. Guerra com armas de fogo nunca mais, porém os outros podem fazer guerras com armas de fogo, se isso for bom para a economia alemã. O país que não aprender o jogo do poder vai ser massa de manobra para quem sabe.
Pragmatismo final
E para finalizar sendo bem pragmático pode-se afirmar sem medo de errar que esta é a maneira mais pacífica de gestão de poder no planeta terra. Todas as outras incluem uso de armas de fogo.